quarta-feira, 9 de maio de 2012

Texto de Maria Adélia Menegazzo sobre a exposição "A impressão que fica"




William Menkes, xilogravura, 2011

O QUE FICA
A exposição de gravuras “A impressão que fica”, na Galeria Wega Nery, do Centro Cultural Octavio Guizzo, é uma dessas ocasiões em que, pensando em apenas rever técnicas milenares, somos surpreendidos pela diversidade e singularidade de seu emprego. São gravuras em metal, em madeira e em linóleo realizadas por alunos do Curso de Artes Visuais da UFMS, orientados pelo artista e professor Rafael Maldonado. Se a participação individual assusta num primeiro momento (afinal, como dar uma unidade com tanta gente diferente), é por conta dela mesma que podemos percorrer com o olhar cada gravura buscando os detalhes dessa diferença.
O que primeiro pode chamar a atenção é o uso contemporâneo das técnicas que a maioria dos alunos-gravadores consegue exercitar. Assim também, não apenas nos motivos gravados, mas principalmente no recorte por eles escolhidos, há um investimento no olhar fragmentado, numa tentativa de abrir espaço por entre a imensa quantidade de imagens de que somos “vítimas” no dia-a-dia. Nesta série de trabalhos, onde não faltam ironias e humor, uma estação de trem tem tanto valor quanto um “fusca”. Isto permite que o observador vá se surpreendendo com o que está representado tanto quanto com o modo como foi representado. Técnica e temática consistentes permitem que se retire da gravura o seu melhor resultado. No conjunto, uma sedutora poética se instaura, qual seja,  a busca do domínio de uma linguagem que articula de modo eficaz planos, formas e texturas para falar daquilo que nos pertence, no nosso tempo. Se a primeira impressão é a que fica, neste caso, não é pouco.
Maria Adélia Menegazzo
09.05.2012